3 de nov. de 2011

A Chuva, o Frio e a “solidão acompanhada”.


A Chuva, o Frio e a “solidão acompanhada”.

  A vida dos eremitas é, e sempre foi encarada, como sendo uma extrema solidão. Mas hoje, querendo ou não, acabamos também como “eremitas”. Não porque queremos nos afastar do mundo e nos aproximar da íntima experiência de Deus, como os Padres do deserto, mas porque as situações corriqueiras nos acabam levando a essa situação.
  No Passado houve aqueles que se retiravam do convívio social para ter essa experiência consigo só primeiramente e depois com Deus. Cristo se retirou no deserto e lá foi tentado por satanás. Mas no nosso caso, hoje no século XXI, o modo que se vê essa solidão quase se passa despercebido.
  Trancamos-nos em nossos quartos, nos entretemos com o computador, TV a até mesmo quando estamos com outras pessoas, estamos sozinhos. Isso é o que eu digo com “solidão acompanhada”. Temos aqueles que nos rodeiam, conversamos, interagimos, mas o aspecto do estar sozinho influi muito nas relações. Cada vez mais desejamos estar sozinhos.
  Mas a experiência de estar no deserto é ruim? Não! O deserto acaba sendo um local de descobertas. Nossa resistência é colocada à prova. Somos tentados em todos os lugares, mas no deserto isso é mais fácil de suceder. Lá somente existe o “eu”. Não há como se refugiar no outro, mas na verdade existe um modo de se refugiar. Onde? Em Deus está nossa fortaleza, nosso refúgio.
  Quando nos é proposta uma oportunidade de rever aquilo que fizemos é sempre muito doloroso, e o deserto é um bom lugar pra se fazer esse exercício. Angustia, pois nos faz sair de uma posição cômoda, onde achamos que tudo está bom e bem. Até pode estar bem de fato, mas só a exigência de se mover e refletir já ajuda.
  E se vermos que o que faço não é correto, ou que não está bom? É justamente para isso que devemos primeiro refletir. Como já disse, o deserto é um ótimo lugar para tal. Vejamos: O deserto, a “solidão acompanhada” em si é boa ou ruim? Sinceramente, hoje eu não sinto apto para responder a essa questão. Mas uma coisa que aprendi nesses poucos 18 anos de vida. Às vezes um momento de deserto é bom, mas ele se tornar eterno ficaria um fardo em demasia. Fomos criados para nos relacionar.

Experiência de deserto? Sim.
Deserto eterno? Não.

  O problema é pensar que relacionar-se apenas virtualmente basta. O contato, a franca conversa sobre alegrias ou angústias, olho no olho nos faz melhor. Um abraço, um beijo... Deus se manifesta nesses gestos sinceros.
  Afinal, a chuva e o frio que estão no título desta nossa reflexão, o que tem a ver? Tudo! Pois quando chove ou faz frio onde procuramos nos refugiar? Em locais aquecidos. E aonde vamos nos refugiar quando nossa Alma se encontra numa noite chuvosa e fria? Nas festas, bebidas e drogas? Não!! Mas sim no caloroso Coração Misericordioso de Cristo, Lá depositamos nossas misérias e nos aquecemos.
  Possamos, pois, viver os momentos de deserto e cada vez mais nos amar fraternalmente e saber se refugiar no lugar certo.


Escrito por Fábio Luiz no dia 01 de Novembro de 2011, ás 21h44min, na cidade do Rio de Janeiro. Dia de Todos os Santos.


28 de out. de 2011

Sobre a Santa Cruz


Sobre a Santa Cruz

  Por tudo que me acontece, agora vejo que sou grato a Deus. Observo que meus sofrimentos estão na Cruz de Jesus, observo que ao ser crucificado, meus pecados, minhas dores, meus sentimentos estavam lá com Ele. É por demais doloroso ver o Amor que Ele me amou e me ama. Sinto agora que a vontade do Pai, para fazê-la, é necessária a dor da Cruz.
  
  Quando fraquejamos e caímos com nossa cruz, temos que nos lembrar sempre que Cristo caiu com Sua Cruz. Nossos pecados o fez cair. Mas a loucura da Cruz nos incita a ver que ela é necessária. Se implorarmos a ajuda do Pai a levá-la, ao Calvário chegaremos, e até lá seu peso nos esmagará ao ponto de sufocar-nos. Não podemos ter medo, pois é a Cruz que nos mata para essa vida e nos leva para a eternidade. 

  A Cruz de Cristo é a Luz sobre nossos passos. Não negue a Cruz, pois quem não a entende, jamais poderá entender a Cristo. E somente teremos uma verdadeira alegria se nos configurar a sacralidade redentora que Jesus, o Deus humano, nos ensina dia a dia. 

  Oh Cruz Gloriosa, outrora eras morte, mas ao ser glorificado pela morte do Cristo, elevando sua humanidade crucificada e nos dando a divindade humanizada. Deus me ensine a carregar a cruz, vendo a luz que irradia a santidade daquele e soube a carregar. Jesus.

                           José Alixandre

Escrito na cidade do Rio de Janeiro, dia 09 de Abril de 2011, dia de São Leopoldo Mandic.

20 de set. de 2011

Tempestade acalmada


           (MT 8, 23-28)

  A tempestade se faz devido a um conglomerado de nuvens densas, carregadas. Com ela acompanha os ventos fortes, capazes de destruir árvores, transporem as coisas de lugar. Na tempestade também se formam os raios, os mesmos podem causar muitos danos, como um incêndio, por exemplo. A água vinda da tempestade é forte, quando deságua das nuvens quase não enxergamos nada. Eis aqui a tempestade. Vem com força e deixa suas marcas.

  Nossa humanidade sempre olhou para as tempestades como se fosse algo de ruim, mas se pararmos para observar depois dela a vida recomeça: a terra que outrora era árida, hoje é fértil, o fogo que consumira tudo agora é passado, dá oportunidade de tudo se refazer. Devemos olhar aos olhos da fé, nada ocorre ao acaso. As tempestades sempre haverão de vir, e nós, teremos ou não a devida coragem e fé para enfrentá-la?

  Ser Cristão é saber aproveitar as águas torrenciais que vem do céu. É confiar que Jesus acalma qualquer tempestade, e principalmente, no meio da tempestade Ele está conosco.

Escrito por José Alixandre, na cidade do Rio de Janeiro, no dia 27 de junho de 2011, dia de Santos João e Paulo.

23 de jul. de 2011

O Eterno deserto deste mundo



  O deserto é um local cheio de nada, só se encontra o infinito da mesma forma. Não há vida, não há esperança, tudo se transforma em medo. Porém é no deserto, que somos convidados a entrar, não para que percamos as esperanças, mas para termos um encontro pessoal com nós mesmos.
 
  É nele que tu enxergas tuas mazelas, dialoga com o diabo face a face, e ele sempre faze-te propostas sedutoras. O deserto te ajuda a perder todas as forças que vem desse mundo, para que reconheças necessitado do Divino. Diante da fraqueza encontramos dois caminhos: O de Deus e do diabo.

  O caminho do diabo é a ilusão em meio ao deserto, tu caminhas para um Oasis e nunca chega. O diabo te ilude com promessas de fartura, mostrando-lhe como será bom servi-lo, te mostra a própria face, querendo convencer-te que o deserto não vale a pena, que é “muito sofrimento por nada”, que é melhor ser “feliz” nesse mundo. Por isso, enquanto caminhas pelas terras áridas desse deserto ele surge e te mostra uma Oasis, uma miragem, com muita água, com servos a sua disposição para servir-te, com delícias para saborear. “Sede sóbrios e vigilantes” já nos diz o Apóstolo Pedro em sua carta. O diabo se reveste de uma aparente vontade de ajudar, seduzindo-te com seus maiores desejos e paixões desse mundo. “Ao lhe rodear como um leão” (1Pd 5,8), ele conhece suas fraquezas, seus olhos só querem e desejam teu sangue, ele quer sua alma, e assim devorar-te. Não acredite em “Oasis” quando tu estiveres passando por um deserto. Se acaso vir algum por aí, desconfie, pois é o diabo querendo agarrar-te pelo seu ponto fraco. Ele o conhece, é com seu ponto fraco que te seduz, conquista, serpenteia, embriaga, e quando estiver completamente enfeitiçado ele vem com toda a sua fúria, sem se preocupar com você e o acaba, com suas esperanças, devora sua fé, mastiga seus sonhos. E como isso não bastasse, vai acusar-te com todos os seus atos cometidos. Assim verás a verdadeira face do demônio. A mesma que outrora vinha com um “Oasis”, agora vem como um cão que briga por sua comida. O diabo é muito astuto, por isso, deve-se tomar muito cuidado com ele, “não vos exponhais ao diabo”. E tenha certeza de que ele vai estar ao teu lado a rodear. Todavia, CORAGEM. “Se Deus é por nós quem será contra nós? (Romanos 8, 31)

  O outro caminho do deserto é o de Deus; que na medida em que tu andas, reconheces as fraquezas, sente a necessidade de Deus, ela se baseia em abandonar-se no caminho em que Ele o quiser. Enquanto se caminha pelo caminho de Deus, tu verás como és pequeno, pequeno o suficiente para nenhuma decisão tomar. CORAGEM! A Misericórdia de Deus não há de faltar em sua caminhada, pisarás por entre cobras e serpentes, mas saberás que Deus está contigo. A força que tu terás na caminhada não vem de ti, vem do Espírito Santo, é uma força que vence a fome, os desejos e paixões que possuímos, e a força que te faz dar cada passo com a certeza que é Deus quem está te conduzindo. Deus não te dará um “Oasis” no meio do deserto, ele irá te dar a força para atravessá-lo, livrando-te dos maus caminhos que te conduz a morte. TENHA FÉ, pois é Ele que te dá a certeza de que esse deserto passará, mas até lá a caminhada é árdua e cansativa, por muitas vezes te sentirás sozinho e virá o tentador para seduzir-te, não o escute, pise em sua cabeça, lembra-te das maravilhas que o Senhor fez por ti, e conseguirás atravessar todas as vicissitudes que vo-lo aparecer.

  O deserto é uma oportunidade de tu se aproximares de Deus. Louve pelos momentos de provações e saiba que a Verdadeira alegria só vem do verdadeiro sofrimento. Que possamos carregar nossa cruz nessa via-sacra que chamamos de vida, com a mesma certeza que ressuscitaremos com Cristo. Amém

Escrito por José Alixandre, no dia 21 de Junho de 2011, dia de S. Luís Gonzaga, no Seminário Propedêutico Rainha dos Apóstolos, na cidade do Rio de Janeiro.

13 de jul. de 2011

Trindade Santa


 Trindade Santa
   “Cremos firmemente e afirmamos simplesmente que há um só verdadeiro Deus eterno, imenso e imutável, incompreensível, todo-poderoso e inefável, Pai, Filho e Espírito Santo: Três pessoas, mas uma só essência, uma substância ou natureza absolutamente simples” (IV Concílio de Latrão. Século XIII).
  
  Na vivência de nossa fé nos deparamos sobre a questão da Pessoa de Deus e sobre o mistério da Trindade Santa. Como pode um mesmo Deus ser três pessoas distintas? Sabemos que Deus é a comunhão do Pai com o Filho junto com o Espírito Santo. Mas afinal quem é Deus Pai, Filho e Espírito Santo?
  
   Deus Pai é o nosso Criador. É aquele que É (Ex 3, 14) que por Amor criou o mundo e nos criou “do nada” (CIC 296) por Amor e Sabedoria. Vários Salmos e passagens bíblicas relatam e exprimem essa Sabedoria do Criador. Ele nos cria não para sermos meros “brinquedinhos” para satisfazê-Lo, mas sim para participarmos da Glória de Seu Ser (CIC 295). Deus cria o mundo ordenado e bom, pois como diz o livro da Sabedoria “Tu dispusestes tudo com medida, número e peso” (Sb. 11 20). Fomos criados a Imagem e Semelhança Dele, portanto, como Deus criou tudo e todos em total liberdade, Ele também nos cria livres e participantes de Sua bondade, “E Deus viu que tudo era bom, muito bom” (Gn. 1, 4.10.12.18.21.31).
  
   Nós tínhamos livre acesso a Deus, mas por desobediência, vontade nossa, não de Deus, acabamos nos afastando Dele, saímos do convívio na Sua Glória. Mas Deus em seu infinito Amor, não nos abandona e vem se revela ao seu povo. Podemos enumerar vários personagens bíblicos: Noé, Jacó, Abraão, Moisés, Maria... Fiquemos com Moisés. Ele teve uma grande experiência de Deus e com Deus. Foi escolhido do meio do povo para guiar o povo de Israel. Um “divisor de águas” na história dele é o momento que se depara o a sarça que pega fogo e não se consome. Deus o chama pelo nome. Ele pede que Moisés tire as sandálias dos pés, pois onde ele pisa é território santo. Deus se comunica com Moisés como sendo “O Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus e Jacó” (Ex. 3, 6), Ele não é um Deus que “aparece do nada”, a presença Dele já vem marcando a história. Mesmo Deus se identificando, Moisés pergunta qual é o Seu nome. Mas por quê? Nos rituais pagãos daquela época quando se sabia o nome de um determinado deus ele serviria como “posse” e usufruiria dele. Mas Deus lhe responde: “Eu Sou aquele que Sou” (Ex 3, 14). Foi a primeira revelação de Deus a Moisés e durante toda história da salvação Ele vêm se revelando até a Sua plenitude na Pessoa de Jesus Cristo.
  
   Na plenitude dos tempos, Deus envia ao mundo Seu Filho unigênito, O Seu Verbo. Jesus não é criatura, mas parte participante na criação, como diz o Prólogo do Evangelho de S. João: “No começo a Palavra já existia: A Palavra estava voltada para Deus e a Palavra era Deus [...] Tudo foi feito por meio Dela e de tudo que existe, nada foi feito sem Ela” (Jo. 1, 1-2.3). Como nos diz a Constituição Dogmática Dei Verbum, do Concílio Vaticano II ”A plenitude da revelação é Jesus Cristo e não há outra além desta” e que “não é possível esperar nenhuma outra revelação pública antes da gloriosa manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo” (DV 4)

  Jesus, O Cristo, fazendo parte da Comunidade de Amor, que é a Santíssima Trindade, É verdadeiramente Deus, mas como também diz “Se fez carne” (Jo. 1, 14) também se torna verdadeiramente homem. Jesus é 100% Deus e 100% homem. Diz-nos o credo niceno-constantinopolitano que Jesus é “Deus de Deus, Luz, da Luz, Deus Verdadeiro de Deus Verdadeiro, Gerado, não criado, consubstancial ao Pai”. Como já expus aqui, Jesus sendo plenamente humano, Ele não pecou, é o exemplo de humanidade para nós.

  No Cristianismo primitivo, surgiu uma heresia chamada de “Apolinarismo”. Apolinário era bispo e dizia que Jesus não tinha as duas naturezas, Divina e humana. Ele pensava que era inconcebível Jesus ter um corpo humano e alma de Deus ou ao contrário, contudo esse pensamento foi condenado pelo magistério da Igreja e a fé continuou e continua sólida sobre esse aspecto que Jesus possui as duas naturezas. Mesmo assim surgiram outras heresias que negavam que Jesus era Deus ou que Ele era humano. Há uma música que sintetiza bem essa dualidade: ”Jesus rosto Divino do Homem, Jesus rosto humano de Deus” (Sacramento da Comunhão, Nelsinho Corrêa).  A plenitude e da vivência de Cristo se dá no madeiro da cruz e na Sua Gloriosa ressurreição. Mas esse Cristo não permanece fisicamente conosco, mas nós não ficamos órfãos. Cristo promete a nós o Espírito Santo de Deus. Mas quem é esse Espírito Santo?

  Ele também é Deus. Também diz-nos o credo niceno-constantinopolitano: “Creio no Espírito Santo, Senhor que dá vida e procede do Pai e do Filho, e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado. Ele falou pelos profetas”. Quando estava sendo o homem estava sendo criado, Deus soprou nas narinas do homem o Espírito Vivificador (Gn. 2, 7). Jesus também repete esse mesmo gesto, depois de ressuscitado com os Apóstolos: “Jesus disse a eles ‘A paz esteja convosco. Assim como o Pai me enviou eu também vos envio’. Tendo falado isso soprou sobre eles e disse: ‘ Recebais o Espírito Santo’”. (Jô. 20, 21-22). 

 O Espírito nos impulsiona para a Missão. Quando o Espírito desce e se derrama em Pentecostes (At. 2, 1-13) cada um dos Apóstolos falava em uma diferente língua, na qual todos os estrangeiros que ali estavam podiam entender-los em sua língua natal. O que aconteceu ali foi o inverso do que aconteceu na passagem da torre de Babel (Gn. 11, 1-9). O Espírito Santo unifica. Já nos diz S. Paulo na sua primeira carta aos Coríntios “Existem dons diferentes, mas o Espírito é o mesmo [...] Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos [...] Mas é o único e mesmo Espírito que realiza tudo isso, distribuindo seus dons a cada um de nós, conforme Ele quer” (I Cor 12, 4.7.11). Os dons do Espírito Santo que recebemos não são para mim, mas sim para todos. Como já disse anteriormente “O Espírito nos impulsiona para a Missão”.

  Decorrido toda essa pequena análise sobre as três pessoas de Deus, posso afirmar categoricamente que apesar de nos esforçarmos em tentar entender Deus, mas vem em meu coração a seguinte frase: “Deus não é a para ser entendido ou explicado, mas sim vivenciado, amado e adorado”.

Escrito na cidade de Contagem, Estado de Minas Gerais em 13 de junho de 2011, dia de Santo Antônio de Pádua, Doutor da Igreja, ás 22:17.
                                                                                         
                                                        S. Arnaldo Janssen, ora pro nobis.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                         

1 de jun. de 2011

Esperança e Fé



  A história humana é pautada na esperança, esperança de uma vida nova, esperança em dias melhores, mas essa esperança para ser “melhor vivida” deve se pautar na Esperança Cristã.

  Num dos Salmos, o escritor Sagrado diz: “Uns confiam em carros, outros em cavalos, quanto a nós invocamos o nome de Javé, nosso Deus” (Salmo 20). De que nos adianta confiar em coisas perecíveis, passíveis de falhas?

  O Papa Bento XVI nos diz em sua encíclica “Spe Salvi” - sobre a esperança cristã - que não nos adianta confiarmos somente nas inovações tecnológicas de nosso tempo, mas sim naquilo que vem do alto. Ele no decorrer de sua encíclica por meio de exemplos históricos que somente uma “confiança superficial” não tem jeito de dar certo. Ele cita o Iluminismo Europeu do século XVII, por meio da exaltação do “Logos” (razão), somente como “via de salvação”. Tem-se como exemplo Immanuel Kant, filósofo iluminista. Ou também as revoluções industriais na Inglaterra, ou o comunismo de Marx na Rússia.

  Mas contrapondo essa perspectiva de esperança ligada ao “materialismo” - o “agora” - tem os exemplos dos Santos, como S. Francisco de Assis, que renunciou tudo que tinha para o serviço do Reino de Deus ou também os monges, missionários... etc. Eles e elas confiam sua vida no Senhor. Aí se encontra a esperança e a fé intrinsecamente ligadas. Bento XVI também diz que: “ A Fé confere à vida uma nova base, um novo fundamento, sobre o qual o homem se pode apoiar, e, consequentemente, o fundamento habitual, ou seja, a confiança na riqueza material, relativiza-se.” (RATZINGER, Joseph. Spe Salvi , 2007, pág. 8, Paulinas) Mas afinal de contas a esperança se trata de “Fé” ou são coisas distintas? Na concepção Cristã pode-se sim creditar a Fé como Esperança, e com muita propriedade.

  A total esperança, na ótica da Fé, em algo transcendente, ou seja, as promessas de Cristo se tornam a coisa mais essencial na vida desse ser humano. Esse “essencial” se trata de “Essência” como próprio do Ser Humano, criado a partir do Amor de Deus.

  Portanto, que possamos proclamar igualmente como o Salmista e como tantas pessoas que a nossa confiança, esperança e fé estão no Nome do Senhor! Assim Seja! Amém.
                   
                                                                            S. Arnaldo Janssen, ora pro nobis.

Escrito no dia 24 de maio de 2011, na cidade de Contagem, Minas Gerais, ás 15:13.

14 de mai. de 2011

“O caminho da Santidade é o Caminho da Cruz”

 
   Queridos Irmãos em Cristo. Depois de mais uma semana venho hoje refletir com vocês sobre o “Caminho da Santidade”. Já passado as celebrações da Semana Santa e estamos no Tempo pascal, podemos refletir com mais propriedade.
 
  O Caminho da Santidade é trilhar os passos de Cristo, seguindo junto Dele, carregando nossas cruzes diárias. Em nossa Vida acontecem algumas coisas que temos que superar para continuar a trilhar. Mas pode parecer pesado e também é muito fácil dizer que não conseguimos ou não conseguiremos somente pelo fato de dizer: “Jesus é Deus e eu sou humano”. Isso é um grande erro que cometemos.

  O exemplo dos Santos é um grande referencial para nós, como o exemplo de São Terezinha, São Francisco, São Sebastião, Santo Arnaldo, Beato João Paulo II e tantos outros. Eles sofreram em nome de Cristo, calúnias, fofocas, difamações e até o Martírio. Mas como essas pessoas conseguiram chegar à Santidade? Unindo os sofrimentos deles ao de Cristo, confiando a vida e missão deles à Divina Misericórdia de Deus.

  Muitas vezes quando somos surpreendidos pelas ciladas do inimigo e caímos nelas, temos logo a sensação de ter sido “esquecido por Deus”, como diz o Salmista: “Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonastes?”(Salmo 2!), mas digo a vocês a vocês e a mim também, temos um porto seguro que se chama DEUS e Graças ao Pai também temos Maria, nossa Mãe, que intercede por nós.

  Se acontecer de ser Caluniado, difamado, ser alvo de fofocas, intriga, ódio, entregue seu sofrimento ao sofrimento Daquele que padeceu no Madeiro da Cruz, mas Ressuscitou no terceiro dia para a Glória e Vitória de Deus! Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Assim Seja. Amém!

                                                         S. Arnaldo Janssen, ora pro Nobis

7 de mai. de 2011

Tempo



Tempo... Ah o tempo
Tão Sábio e tão cruel
Como diz o Livro do Eclesiastes:
“Há um momento para tudo e um tempo para todo propósito debaixo do Céu.
Tempo de nascer,
E tempo de morrer;
Tempo de Plantar,
E tempo de arrancar a Planta;
Tempo de matar,
E tempo de curar;
Tempo de destruir
E tempo de construir;
Tempo de chorar,
E tempo de rir;
Tempo de gemer,
E tempo de bailar;
Tempo de atirar pedras,
E tempo de recolher pedras;
Tempo de abraçar,
E tempo de se separar;
Tempo de buscar,
E tempo de perder;
Tempo de guardar,
E tempo de jogar fora;
Tempo de rasgar,
E tempo de costurar;
Tempo de calar,
E tempo de falar;
Tempo de amar,
E tempo de odiar;
Tempo de guerra,
E tempo de Paz.”. (Eclesiastes 3, 1-8)

E não querendo igualar minha pequenina sabedoria à Sabedoria da Palavra de Deus,
Acrescento:

“Há tempo de escolher;
Há tempo de agir;
Há tempo de esperar;
Há tempo de saborear
Saborear....A Vida!”

As demoras do Senhor.

O tempo nos pode ser cruel ele passa e não nos deixa voltar!
Passado Presente e o Futuro...
Vou tentar amenizá-los.

Olhamos com tanto saudosismo os tempos de outrora, Auroras e Crepúsculos, momentos bons, momentos maus, mas há sempre saudade disso.

O Presente. Tão dinâmico e imediato, pois quando já o percebemos, já se foi.

Futuro. Temido, sempre tão especulado. Como diz a canção “Como será o amanhã, me diga quem puder”

Sábio poeta.

Já também diz a sabedoria popular: “O futuro a Deus pertence”.

Ele é o Deus de ontem, de nossos pais, de Hoje, Nosso e de amanhã de nossos filhos.

Saudade e especulação: Passado e Futuro! Quanto contraste!

Mas nos liguemos nos presente. O hoje. Ontem não existe mais. O futuro ainda está no coração de Deus, somente nos resta o hoje! Esse fato imediato, essa porção de tempo de nossas vidas.

ONTEM, HOJE, AMANHÃ.

Kairós e Kronos, tão disparos. Tempo de Deus e tempo dos homens.

Onde devemos “dar o crédito” das demoras do Senhor? No Kronos? As horas contadas? No Kairós? Eu não sei.  Quem sabe um dia eu venha ter a graça de responder esse questionamento dentro do meu ser.

Tempo....Segundo, minuto, hora, dia, mês, ano, século, milênio....Tempo...Tão Sábio e tão Cruel.


Escrito no dia 03/10/2010 ás 01h22min da manhã na Cidade do Rio de Janeiro.


S. Arnaldo Janssen, Ora pro Nobis.

13 de abr. de 2011

Catequese do Papa: Todos nós somos chamados à Santidade

Queridos irmãos e irmãs:



  Nas audiências gerais dos últimos dois anos, estivemos na companhia de muitos santos e santas: aprendemos a conhecê-los de perto e a entender que toda a história da Igreja está marcada por esses homens e mulheres que, com sua fé, seu amor, sua vida, foram luzes de muitas gerações, e são também para nós. Os santos manifestam de muitas maneiras a presença poderosa e transformadora do Ressuscitado; deixaram que Cristo possuísse tão plenamente suas vidas, que podiam afirmar, como São Paulo, "Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim" (Gl 2,20). Seguir seu exemplo, recorrer à sua intercessão, entrar em comunhão com eles "nos une a Cristo, de quem procedem, como de fonte e cabeça, toda a graça e a própria vida do Povo de Deus" (‘Lumen Gentium', 50). No final deste ciclo de catequeses, eu gostaria de oferecer algumas ideias sobre o que é a santidade.


   O que significa ser santo? Quem é chamado a ser santo? As pessoas geralmente pensam que a santidade é uma meta reservada a uns poucos escolhidos. São Paulo, no entanto, fala do grande projeto de Deus e diz: "Nele (Cristo), Deus nos escolheu, antes da fundação do mundo, para sermos santos e íntegros diante dele, no amor" (Ef 1,4). E fala de todos nós. No centro do desígnio divino está Cristo, em quem Deus mostra seu Rosto: o Mistério escondido nos séculos se revelou na plenitude do Verbo feito carne. E Paulo diz depois: "Pois Deus quis fazer habitar nele toda a plenitude" (Cl 1,19). Em Cristo, o Deus vivo se tornou próximo, visível, audível, tangível, de maneira que todos pudessem receber a plenitude de graça e de verdade (cf. Jo 1,14-16). Portanto, toda a existência cristã conhece uma única lei suprema, que São Paulo expressa em uma fórmula que aparece em todos os seus escritos: em Cristo Jesus. A santidade, a plenitude da vida cristã, não consiste em realizar empresas extraordinárias, mas na união com Cristo, na vivência dos seus mistérios, fazendo nossas as suas atitudes, pensamentos, comportamentos. A medida da santidade é dada pela altura da santidade que Cristo alcança em nós, daquilo que, com o poder do Espírito Santo, modelamos da nossa vida segundo a sua. É configurar-nos segundo Jesus, como diz São Paulo: "Pois aos que ele conheceu desde sempre, também os predestinou a se configurarem com a imagem de seu Filho" (Rm 8,29). E Santo Agostinho exclama: "Viva será minha vida repleta de ti" (Confissões, 10,28). O Concílio Vaticano II, na constituição sobre a Igreja, fala com clareza do chamado universal à santidade, afirmando que ninguém está excluído: "Nos vários gêneros e ocupações da vida, é sempre a mesma a santidade que é cultivada por aqueles que são conduzidos pelo Espírito de Deus (...). Seguem a Cristo pobre, humilde, e levando a cruz, a fim de merecerem ser participantes da sua glória" (n. 41).


   Resta a pergunta: Como podemos trilhar o caminho da santidade, responder a este chamado? Posso fazer isso com as minhas forças? A resposta é clara: uma vida santa não é primariamente o resultado dos nossos esforços, das nossas ações, porque é Deus, três vezes Santo (cf. Is 6, 3), que nos torna santos, e a ação do Espírito Santo, que nos anima a partir do nosso inteiro, é a própria vida de Cristo Ressuscitado, que se comunicou a nós e que nos transforma. Para dizê-lo novamente, segundo o Concílio Vaticano II: "Os seguidores de Cristo, chamados por Deus e justificados no Senhor Jesus, não por merecimento próprio, mas pela vontade e graça de Deus, são feitos, pelo Batismo da fé, verdadeiramente filhos e participantes da natureza divina e, por conseguinte, realmente santos. É necessário, portanto, que, com o auxílio divino, conservem e aperfeiçoem, vivendo-a, esta santidade que receberam" (ibid., 40). A santidade, portanto, tem sua raiz principal da graça batismal, no ser introduzidos no mistério pascal de Cristo, com o qual Ele nos dá seu Espírito, sua vida de Ressuscitado. São Paulo destaca a transformação que a graça batismal realiza no homem e chega a cunhar uma expressão nova, construída com a preposição "com": ‘mortos com', ‘sepultados com', ‘ressuscitados com', ‘vivificados com' Cristo; nosso destino está indissoluvelmente ligado ao seu. "Pelo batismo fomos sepultados com ele em sua morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dos mortos pela ação gloriosa do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova" (Rm 6,4). Mas Deus sempre respeita a nossa liberdade e pede que aceitemos este dom e vivamos as exigências que ele comporta; pede que nos deixemos transformar pela ação do Espírito Santo, conformando a nossa vontade com a vontade de Deus.


   Como pode acontecer que a nossa maneira de pensar e as nossas ações se convertam no pensar e agir com Cristo e de Cristo? Qual é a alma da santidade? Novamente, o Concílio Vaticano II nos diz que a santidade não é outra coisa senão a caridade vivida plenamente. "E nós, que cremos, reconhecemos o amor que Deus tem para conosco. Deus é amor: quem permanece no amor, permanece em Deus, e Deus permanece nele" (1 Jo 4,16). Agora, "o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rm 5,5); por isso, o primeiro dom e o mais necessário é a caridade, com a qual amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo por amor a Ele. Para que a caridade, como uma boa semente, cresça na alma e nos frutifique, todo fiel deve ouvir a Palavra de Deus voluntariamente e, com a ajuda da sua graça, realizar as obras de sua vontade, participar frequentemente dos sacramentos, especialmente da Eucaristia e da liturgia sagrada, aproximar-se constantemente da oração, da abnegação, do serviço ativo aos irmãos e do exercício de todas as virtudes. A caridade, de fato, é o vínculo da perfeição e cumprimento da lei (cf. Cl 3.14; Rm 13, 10); dirige todos os meios de santificação, dá forma a ela e a conduz ao seu fim.

   Talvez também essa linguagem do Concílio Vaticano II seja um pouco solene para nós, talvez devêssemos dizer as coisas de uma maneira ainda mais simples. O que é o mais essencial? Essencial é não deixar jamais um domingo sem um encontro com Cristo Ressuscitado na Eucaristia; isso não é um fardo, mas a luz para toda a semana. Não começar nem terminar jamais um dia sem pelo menos um breve contato com Deus. E, no caminho da nossa vida, seguir os "sinais do caminho" que Deus nos comunicou no Decálogo lido com Cristo, que é simplesmente a definição da caridade em determinadas situações. Penso que esta é a verdadeira simplicidade e grandeza da vida de santidade: o encontro com o Ressuscitado no domingo; o contato com Deus no começo e no final do dia; seguir, nas decisões, os "sinais do caminho" que Deus nos comunicou, que são apenas formas da caridade. Daí que a caridade para com Deus e para com o próximo sejam o sinal distintivo de um verdadeiro discípulo de Cristo. (‘Lumen gentium', 42). Esta é a verdadeira simplicidade, grandeza e profundidade da vida cristã, do ser santos.


   Eis a razão pela qual Santo Agostinho, comentando o quarto capítulo da 1ª Carta de São João, pode afirmar algo surpreendente: "Dilige et fac quod vis", "ama e faze o que quiseres". E continua: "Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos" (7,8: PL 35). Quem se deixa conduzir pelo amor, quem vive a caridade plenamente é guiado por Deus, porque Deus é amor. Esta palavra significa algo grande: "Dilige et fac quod vis", "Ama e faze o que quiseres".


   Talvez pudéssemos perguntar: Podemos nós, com as nossas limitações, nossas fraquezas, chegar tão alto? A Igreja, durante o ano litúrgico, convida-nos a recordar uma fila de santos que viveram plenamente a caridade, que souberam amar e seguir a Cristo em suas vidas diárias. Eles nos dizem que percorrer esse caminho é possível para todos. Em todas as épocas da história da Igreja, em todas as latitudes da geografia no mundo, os santos pertencem a todas as idades e condições de vida, são rostos verdadeiros de todos os povos, línguas e nações. E eles são muito diferentes uns dos outros. Na verdade, devo dizer que, também segundo a minha fé pessoal, muitos santos, nem todos, são verdadeiras estrelas no firmamento da história. E eu gostaria de acrescentar que, para mim, não só os grandes santos que eu amo e conheço bem são "sinais no caminho", mas também os santos simples, ou seja, as pessoas boas que vejo na minha vida, que nunca serão canonizadas. São pessoas normais, por assim dizer, sem um heroísmo visível, mas, na sua bondade de cada dia, vejo a verdade da fé. Essa bondade, que amadureceram na fé da Igreja, é a apologia segura do cristianismo e o sinal de onde está a verdade.


   Na comunhão com os santos canonizados e não canonizados, que a Igreja vive em Cristo em todos os seus membros, podemos desfrutar da sua presença e da sua companhia, e cultivamos a firme esperança de poder imitar o seu caminho e compartilhar, um dia, a mesma vida beata, a vida eterna.


   Caros amigos, quão grande, bela e também simples é a vocação cristã vista a partir desta luz! Todos nós somos chamados à santidade: é a própria medida da vida cristã. Novamente, São Paulo expressa isso com grande intensidade, quando escreve: "No entanto, a cada um de nós foi dada a graça conforme a medida do dom de Cristo. (...) A alguns ele concedeu serem apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas; a outros, pastores e mestres. Assim, ele capacitou os santos para a obra do ministério, para a edificação do Corpo de Cristo, até chegarmos, todos juntos, à unidade na fé e no conhecimento do Filho de Deus, ao estado de adultos, à estatura do Cristo em sua plenitude" (Ef 4,7.11-13).


   Eu gostaria de convidar todos vós a abrir-vos à ação do Espírito Santo, que transforma as nossas vidas, para ser, também nós, como peças do grande mosaico de santidade que Deus vai criando na história, de modo que o rosto de Cristo brilhe na plenitude do seu fulgor. Não tenhamos medo de dirigir o olhar para o alto, em direção às alturas de Deus; não tenhamos medo de que Deus nos peça muito, mas deixemo-nos guiar, em todas as atividades da vida diária, pela sua Palavra, ainda que nos sintamos pobres, inadequados, pecadores: será Ele quem nos transformará segundo o seu amor. Obrigado.



Fonte: http://www.zenit.org/p-27734

31 de mar. de 2011

"A quem iremos Senhor ?"

Borda do Campo, 26 de Fevereiro de 2011. 1ª manhã do retiro espiritual dos Seminaristas do Propedêutico e Filosofia da Congregação dos Missionários do Verbo Divino. 
   
 “A quem iremos Senhor? Somente Tu tens palavra de Vida Eterna [...] E sabemos que Tu és o Santo de Deus” (Jo. 6, 68b-69)
  
  Nesse primeiro dia, foi proposto dois trechos da Sagrada Escritura, sendo o primeiro um trecho do Evangelho de S. João 6, 66-69 e também o salmo 62 (61). 
  
  No trecho do Evangelho os discípulos estavam querendo ir embora e deixar o discipulado e Jesus os questiona se realmente eles queriam deixá-lo, mas Pedro confessa: “A quem iremos Senhor? Se Tu tens palavra de Vida eterna” e completa “E Sabemos que És o Santo de Deus”. A quem iremos? Iremos confiar em nós mesmos? Considerar-nos “auto-suficientes”? Somente Cristo é o Senhor, Santo dos Santos. Nele sim devemos confiar.
   
          “Só em Deus, ó minh’Alma repouse porque Dele vem minha esperança” (Salmo 62)
  
  Se somente o Senhor tem palavra de Vida Eterna, esse trecho do Salmo é um ótimo complemento porque Dele vem minha esperança. Somos extremamente dependentes de Deus e de Sua Graça, Seu Amor. “Só Ele é minha Rocha e minha salvação, minha fortaleza” (Salmo 62). Nossa casa da fé se for construída sobre A Rocha, ela jamais cairá, pode vir às chuvas, tempestades, vendavais e a casa estará de pé, porque ela estará assentada sobra essa Rocha que é Deus. 
  
  No inicio das atividades de hoje, o Pe. Anselmo usou como base para sua fala um trecho do Evangelho de S. João 21, 15-19. É a passagem que Jesus pergunta a Pedro três vezes se ele O ama. Nas duas primeiras respostas Pedro só responde simplesmente que sim, que ama, mas quando ele toma consciência ele dá uma “senhora resposta” e diz: “Senhor, Tu conheces tudo e sabes que Lhe Amo.” (Jo 21, 17). Senhor tu sabes tudo. Depois de Pedro ter negado a Cristo por três vezes, as mesmas três vezes Cristo pergunta se ele O ama. Nesse momento acontece a reconciliação com Pedro. Como já sabemos, Pedro era cabeça dura, ranzinza, negou a Cristo, mas Cristo em sua infinita sabedoria e misericórdia não desistiu dele e ainda completou dizendo: “Apascenta minhas ovelhas. Deus não desistiu de Pedro. Podemos até “desistir” de Deus de Deus, mas o Pai não desiste de cada um de nós. Seria infinitamente mais fácil Deus desistir de nós quando falhamos e colocar outro em nosso lugar, mas não! Ele não apaga o pavio que ainda fumega, como diz o Profeta Isaías. E no final de tudo Jesus ainda completa: “Segue-me”. A quem você quer seguir?
  
  Portanto, que nós possamos ser fies a Cristo e a seu discipulado, pois se viermos a cair em desânimo e também chegar a vontade de “jogar tudo para o alto” possamos responder: “A quem iremos Senhor? Só Tu tens Palavra de Vida Eterna.” Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim Seja! Amém.

                                                   S. Arnaldo Janssen, ora pro nobis

4 de mar. de 2011

Contemplação

                               “Obras do Senhor, bendizei ao Senhor”

  Já no fim deste retiro, o meu primeiro entre os Verbitas e espero que venham muitos, faço uma pausa naquilo que estava fazendo para contemplar as obras do Senhor.

  A maioria das pessoas vivem em grandes cidades, com muitas casas, prédios, ruas, carros, barulho. E aqui na Borda eu tenho a oportunidade de “fugir” do ritmo frenético da Cidade grande. Esta casa onde estou é bem no alto da Serra da Mantiqueira, no Município de Antônio Carlos, próximo a Barbacena. Terra de gente simples, de carroças, de cafezinho bem quente, do canto das aves. Um lugar de paz.

  E é nesse silêncio que Deus fala, quando contemplamos Sua criação e eu posso dizer: “Muito Obrigado, Senhor”. O silêncio as vezes nos pode ser desconfortante pois estamos acostumados a ouvir o barulho dos carros, do vozerio nas ruas e quando se chega em um lugar desse o nosso ouvido acaba “pedindo” aquele barulho.

  O canto das aves, o voar gracioso das borboletas, o balançar das folhas conforme bate a brisa. Tudo isso foi Deus que fez. E quantas e quantas vezes nós não sabemos como usufruir tudo isso, acaba passando despercebido.

  Caminhando em uma trilha que aqui existe acabo me deparando com duas coisas que normalmente nós não encontramos em nossas cidades, a primeira foi uma família de micos saltando de um lado para o outro por cima das copas das árvores e a outra foi um riacho de águas cristalinas. Normalmente quando encontramos um córrego nas nossas cidades, provavelmente ele deve estar poluído ou no caso do mico se encontra somente em cativeiro no zoológico.

  Deus sempre estava terminando parte de sua criação via que tudo era bom e realmente tudo é bom, muito bom.

  Portanto que nós possamos vivenciar o silêncio, pois nesse silêncio Deus nos fala e também possamos fazer a experiência de Maria que guardava tudo em seu Imaculado Coração. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim Seja! Amém

*Escrito no dia 27 de Fevereiro de 2011, no Instituto Missionário São Miguel, em Antônio Carlos, MG

                                                               S. Arnaldo Janssen, ora pro nobis.

15 de fev. de 2011

Adeus? Não! Somente um até Breve...

 

Esse texto pode vir a ser um pouco pessoal, mas peço aos leitores do "Sede Santos" que me compreendam.

   Esta é minha última semana aqui no Rio de Janeiro antes de me mudar. Semana pra me despedir de parentes, de amigos, mas não uma despedida de adeus, mas um até breve. Pois eu estou me mudando pra Minas Gerais pra começar uma nova etapa de minha vida. Na Quinta feira, dia 17, estarei indo pra Belo Horizonte para começar os Estudos no Seminário Propedêutico da Congregação dos Missionários do Verbo Divino.

  O Chamado que o Senhor me fez a servi-lo implica algumas renuncias. Vou ter que me afastar de Minha Familia, já que vou pra outro estado; da minha comunidade de origem, dos parentes e amigos. Afinal, terei que começar uma nova vida em Terras Mineiras.

  Meus dois Amigos de caminhada, José Alixandre e Luís Fernando, sendo que o primeiro também é autor desse blog, também vão servir ao Pai, mas ficarão aqui na Arquidiocese do Rio de Janeiro, no Seminário Propedêutico Rainha dos Apóstolos. É uma alegria muito grande saber que tenho esses amigos de caminhada. Eles me ajudaram muito. E eu também os ajudei. Também gostaria de fazer menção ao Meu tio, Pe. Anselmo, Svd ele foi e é minha referência como parente, como amigo e como sacerdote. A convivência com ele e a Congregação do Verbo Divino também me ajudou a discernir minha vocação. Muito Obrigado tio.

  Mas uma coisa é certa, uma frase que eu uso como um lema nesse inicio de caminhada: "A Caminhada apenas começou." Sim é apenas o primeiro passo de muitos que virão, mas como dizia o Beato Newmam: "Não te peço Senhor, que descortines o longe horizonte, só um passo a frente me basta." Só o próximo passo. A ti Senhor confio minha vida, minha vocação. E não posso esquecer de Maria, Nossa Mãe que intercede a Deus por mim, Ela sempre me cobriu com seu manto quando eu necessitava e continuo necessitando desse regaço acolhedor.

  Enquanto escrevia esse texto eu estava ouvindo uma canção que me fez e faz refletir e me motiva:

"Vou voar pra muito mais além
do que eu consigo acreditar
do que posso perceber
Vou voar, pra muito mais além
do que eu consigo enxergar
do que eu posso entender
Vou voar pra muito mais além
porque preciso encontrar
a paz que existe atrás do Seu olhar" (Mais Além - Rosa de Saron)


Voar pra muito mais além...é isso que me inspira...mais além...

Peço que rezem por mim, mas não só por mim, mas por todos os seminaristas, diáconos, padres, bispos e Pelo Santo Padre, o Papa.


Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Assim Seja. Amém!


                                                                   S. Arnaldo Janssen, ora pro nobis



24 de jan. de 2011

Papa Bento XVI: "Cada divisão na Igreja é uma ofensa a Cristo"

Cidade do Vaticano, 23 jan (RV) - O Papa Bento XVI dedicou a alocução que precedeu a oração mariana do Angelus deste domingo em grande parte ao tema do ecumenismo e do diálogo entre as diversas igrejas cristãs. Nestes dias, de 18 a de 25 janeiro, - disse o Pontífice - está se realizando a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Recordamos que esta semana de Oração no Brasil se realiza entre o domingo da Ascensão e o domingo de Pentecostes. Este ano a semana tem como tema uma passagem do livro dos Atos dos Apóstolos, que resume em poucas palavras a vida da primeira comunidade cristã de Jerusalém: “Unidos no ensinamento dos Apóstolos, em comunhão, na fração do pão e na oração” (Atos 2:42).

“É muito significativo que este tema tenha sido proposto pelas Igrejas e Comunidades cristãs de Jerusalém, reunidas num espírito ecumênico. Sabemos quantas provas devem enfrentar os irmãos e irmãs da Terra Santa e do Oriente Médio. O seu serviço é por isso ainda mais precioso, confirmado por um testemunho que, em alguns casos, chegou até mesmo ao sacrifício da vida".

Por isso, - continuou o Santo Padre - enquanto acolhemos com alegria as reflexões oferecidas pelas comunidades que vivem em Jerusalém, nos unimos a elas, e isso se torna para todos um ulterior fator de comunhão.

Em seguida o Papa recordou que também hoje, “para ser no mundo sinal e instrumento de íntima união com Deus e de unidade entre os homens, nós cristãos devemos basear a nossa vida nestes quatro ‘pilares’: a escuta da Palavra de Deus transmitida na viva Tradição da Igreja, a comunhão fraterna, a Eucaristia e a oração”.

Somente desta maneira- sulbinhou o Santo Padre - mantendo-se firmemente unidos a Cristo, a Igreja pode efetivamente cumprir a sua missão, apesar das limitações e falhas dos seus membros, apesar das divisões, que já o apóstolo Paulo teve de enfrentar na comunidade de Corinto, como recorda a Segunda Leitura deste domingo: “Eu lhes peço, irmãos, - escreve São Paulo – que se mantenham de acordo uns com os outros, para que não haja divisões. Sejam estreitamente unidos no mesmo espírito e no mesmo modo de pensar". (1:10).

O Papa afirma ainda que cada divisão na Igreja é uma ofensa a Cristo, e ao mesmo tempo, que é sempre n’Ele, único Cabeça e Senhor, que podemos nos encontrar unidos, pelo poder inesgotável de sua graça.

“Eis então o chamado sempre atual do Evangelho de hoje: «Convertam-se, porque o Reino do Céu está próximo.» (Mt 4:17). O sério compromisso de conversão a Cristo é o caminho que conduz a Igreja, com os tempos que Deus dispõe, à plena unidade visível”.

E são um sinal - disse o Pontífice -, os encontros ecumênicos que nestes dias estão se multiplicando em todo o mundo. Aqui em Roma, além da presença de várias delegações ecumênicas, terá início amanhã uma sessão de encontros da Comissão para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e as Antigas Igrejas Orientais. E depois de amanhã – disse ainda Bento XVI – “vamos concluir a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos com a solene celebração das Vésperas na Festa da Conversão de São Paulo. Acompanhe-nos sempre, neste caminho, a Virgem Maria, Mãe da Igreja”.


(Rádio Vaticano)