13 de jul. de 2011

Trindade Santa


 Trindade Santa
   “Cremos firmemente e afirmamos simplesmente que há um só verdadeiro Deus eterno, imenso e imutável, incompreensível, todo-poderoso e inefável, Pai, Filho e Espírito Santo: Três pessoas, mas uma só essência, uma substância ou natureza absolutamente simples” (IV Concílio de Latrão. Século XIII).
  
  Na vivência de nossa fé nos deparamos sobre a questão da Pessoa de Deus e sobre o mistério da Trindade Santa. Como pode um mesmo Deus ser três pessoas distintas? Sabemos que Deus é a comunhão do Pai com o Filho junto com o Espírito Santo. Mas afinal quem é Deus Pai, Filho e Espírito Santo?
  
   Deus Pai é o nosso Criador. É aquele que É (Ex 3, 14) que por Amor criou o mundo e nos criou “do nada” (CIC 296) por Amor e Sabedoria. Vários Salmos e passagens bíblicas relatam e exprimem essa Sabedoria do Criador. Ele nos cria não para sermos meros “brinquedinhos” para satisfazê-Lo, mas sim para participarmos da Glória de Seu Ser (CIC 295). Deus cria o mundo ordenado e bom, pois como diz o livro da Sabedoria “Tu dispusestes tudo com medida, número e peso” (Sb. 11 20). Fomos criados a Imagem e Semelhança Dele, portanto, como Deus criou tudo e todos em total liberdade, Ele também nos cria livres e participantes de Sua bondade, “E Deus viu que tudo era bom, muito bom” (Gn. 1, 4.10.12.18.21.31).
  
   Nós tínhamos livre acesso a Deus, mas por desobediência, vontade nossa, não de Deus, acabamos nos afastando Dele, saímos do convívio na Sua Glória. Mas Deus em seu infinito Amor, não nos abandona e vem se revela ao seu povo. Podemos enumerar vários personagens bíblicos: Noé, Jacó, Abraão, Moisés, Maria... Fiquemos com Moisés. Ele teve uma grande experiência de Deus e com Deus. Foi escolhido do meio do povo para guiar o povo de Israel. Um “divisor de águas” na história dele é o momento que se depara o a sarça que pega fogo e não se consome. Deus o chama pelo nome. Ele pede que Moisés tire as sandálias dos pés, pois onde ele pisa é território santo. Deus se comunica com Moisés como sendo “O Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus e Jacó” (Ex. 3, 6), Ele não é um Deus que “aparece do nada”, a presença Dele já vem marcando a história. Mesmo Deus se identificando, Moisés pergunta qual é o Seu nome. Mas por quê? Nos rituais pagãos daquela época quando se sabia o nome de um determinado deus ele serviria como “posse” e usufruiria dele. Mas Deus lhe responde: “Eu Sou aquele que Sou” (Ex 3, 14). Foi a primeira revelação de Deus a Moisés e durante toda história da salvação Ele vêm se revelando até a Sua plenitude na Pessoa de Jesus Cristo.
  
   Na plenitude dos tempos, Deus envia ao mundo Seu Filho unigênito, O Seu Verbo. Jesus não é criatura, mas parte participante na criação, como diz o Prólogo do Evangelho de S. João: “No começo a Palavra já existia: A Palavra estava voltada para Deus e a Palavra era Deus [...] Tudo foi feito por meio Dela e de tudo que existe, nada foi feito sem Ela” (Jo. 1, 1-2.3). Como nos diz a Constituição Dogmática Dei Verbum, do Concílio Vaticano II ”A plenitude da revelação é Jesus Cristo e não há outra além desta” e que “não é possível esperar nenhuma outra revelação pública antes da gloriosa manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo” (DV 4)

  Jesus, O Cristo, fazendo parte da Comunidade de Amor, que é a Santíssima Trindade, É verdadeiramente Deus, mas como também diz “Se fez carne” (Jo. 1, 14) também se torna verdadeiramente homem. Jesus é 100% Deus e 100% homem. Diz-nos o credo niceno-constantinopolitano que Jesus é “Deus de Deus, Luz, da Luz, Deus Verdadeiro de Deus Verdadeiro, Gerado, não criado, consubstancial ao Pai”. Como já expus aqui, Jesus sendo plenamente humano, Ele não pecou, é o exemplo de humanidade para nós.

  No Cristianismo primitivo, surgiu uma heresia chamada de “Apolinarismo”. Apolinário era bispo e dizia que Jesus não tinha as duas naturezas, Divina e humana. Ele pensava que era inconcebível Jesus ter um corpo humano e alma de Deus ou ao contrário, contudo esse pensamento foi condenado pelo magistério da Igreja e a fé continuou e continua sólida sobre esse aspecto que Jesus possui as duas naturezas. Mesmo assim surgiram outras heresias que negavam que Jesus era Deus ou que Ele era humano. Há uma música que sintetiza bem essa dualidade: ”Jesus rosto Divino do Homem, Jesus rosto humano de Deus” (Sacramento da Comunhão, Nelsinho Corrêa).  A plenitude e da vivência de Cristo se dá no madeiro da cruz e na Sua Gloriosa ressurreição. Mas esse Cristo não permanece fisicamente conosco, mas nós não ficamos órfãos. Cristo promete a nós o Espírito Santo de Deus. Mas quem é esse Espírito Santo?

  Ele também é Deus. Também diz-nos o credo niceno-constantinopolitano: “Creio no Espírito Santo, Senhor que dá vida e procede do Pai e do Filho, e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado. Ele falou pelos profetas”. Quando estava sendo o homem estava sendo criado, Deus soprou nas narinas do homem o Espírito Vivificador (Gn. 2, 7). Jesus também repete esse mesmo gesto, depois de ressuscitado com os Apóstolos: “Jesus disse a eles ‘A paz esteja convosco. Assim como o Pai me enviou eu também vos envio’. Tendo falado isso soprou sobre eles e disse: ‘ Recebais o Espírito Santo’”. (Jô. 20, 21-22). 

 O Espírito nos impulsiona para a Missão. Quando o Espírito desce e se derrama em Pentecostes (At. 2, 1-13) cada um dos Apóstolos falava em uma diferente língua, na qual todos os estrangeiros que ali estavam podiam entender-los em sua língua natal. O que aconteceu ali foi o inverso do que aconteceu na passagem da torre de Babel (Gn. 11, 1-9). O Espírito Santo unifica. Já nos diz S. Paulo na sua primeira carta aos Coríntios “Existem dons diferentes, mas o Espírito é o mesmo [...] Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos [...] Mas é o único e mesmo Espírito que realiza tudo isso, distribuindo seus dons a cada um de nós, conforme Ele quer” (I Cor 12, 4.7.11). Os dons do Espírito Santo que recebemos não são para mim, mas sim para todos. Como já disse anteriormente “O Espírito nos impulsiona para a Missão”.

  Decorrido toda essa pequena análise sobre as três pessoas de Deus, posso afirmar categoricamente que apesar de nos esforçarmos em tentar entender Deus, mas vem em meu coração a seguinte frase: “Deus não é a para ser entendido ou explicado, mas sim vivenciado, amado e adorado”.

Escrito na cidade de Contagem, Estado de Minas Gerais em 13 de junho de 2011, dia de Santo Antônio de Pádua, Doutor da Igreja, ás 22:17.
                                                                                         
                                                        S. Arnaldo Janssen, ora pro nobis.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                         

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