8 de nov. de 2010

Folheando...

Uma criança está sentada na estrada, é só uma criança, de tantas sentadas, de tantas caladas, o quanto foram roubadas. Tão pouco faço por elas, quase não... as vezes...as vezes eu as vejo, mas não, não são crianças. São ladrões, são marginais, elas nos fazem mal! Eles nos roubam!

E eu, eu as faço mal?

“Corpo mutilado em Madureira” Diz o jornal matutino, e eu digo: Quanto mal, quanto mal, eu sou mau? Muitos hoje e sempre, sentem prazer na “arte de morrer”, muitos hoje atiram, muitos hoje matam, muitos hoje são mutilados, muitos hoje... E eu, o que hoje faço?
Faço o mal que não quero, me fazem mal, mal eu não os faço querendo (vingança). Querendo... eu quero paz, mas vivo a paz que tanto quero?

“Hoje em 17 vezes sem juros, vendo-lhe um fogão pra você cozinhar”. “Hoje em 17 vezes sem juros, vendo-lhe um cão pra você brincar e se divertir”. “Promoção: Hoje você pode comprar á vista um primata branco, de olhos azuis, mas só por hoje e pelo uso de hoje, venha que eu vou te mostrar algumas fotos.”

“Sou loira, fogosa, cabelos na altura da cintura, lambidinhas até a última gota...” Você não pode perder. Você não pode me perder, só pode me desejar, me olhar e me comprar. Mas quando você me der o pagamento, peço-te encarecidamente que esqueça que sou gente.

1 real, apenas 1 real, custou-me esse jornal e nele encontro de tudo, é muito bom, bom mesmo, como os nossos “editores” mostram como a vida é tão pequena e como me esqueço dos pequeninos.

“Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes.”
(São Mateus 25,40)


José Alixandre

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