3 de nov. de 2011

A Chuva, o Frio e a “solidão acompanhada”.


A Chuva, o Frio e a “solidão acompanhada”.

  A vida dos eremitas é, e sempre foi encarada, como sendo uma extrema solidão. Mas hoje, querendo ou não, acabamos também como “eremitas”. Não porque queremos nos afastar do mundo e nos aproximar da íntima experiência de Deus, como os Padres do deserto, mas porque as situações corriqueiras nos acabam levando a essa situação.
  No Passado houve aqueles que se retiravam do convívio social para ter essa experiência consigo só primeiramente e depois com Deus. Cristo se retirou no deserto e lá foi tentado por satanás. Mas no nosso caso, hoje no século XXI, o modo que se vê essa solidão quase se passa despercebido.
  Trancamos-nos em nossos quartos, nos entretemos com o computador, TV a até mesmo quando estamos com outras pessoas, estamos sozinhos. Isso é o que eu digo com “solidão acompanhada”. Temos aqueles que nos rodeiam, conversamos, interagimos, mas o aspecto do estar sozinho influi muito nas relações. Cada vez mais desejamos estar sozinhos.
  Mas a experiência de estar no deserto é ruim? Não! O deserto acaba sendo um local de descobertas. Nossa resistência é colocada à prova. Somos tentados em todos os lugares, mas no deserto isso é mais fácil de suceder. Lá somente existe o “eu”. Não há como se refugiar no outro, mas na verdade existe um modo de se refugiar. Onde? Em Deus está nossa fortaleza, nosso refúgio.
  Quando nos é proposta uma oportunidade de rever aquilo que fizemos é sempre muito doloroso, e o deserto é um bom lugar pra se fazer esse exercício. Angustia, pois nos faz sair de uma posição cômoda, onde achamos que tudo está bom e bem. Até pode estar bem de fato, mas só a exigência de se mover e refletir já ajuda.
  E se vermos que o que faço não é correto, ou que não está bom? É justamente para isso que devemos primeiro refletir. Como já disse, o deserto é um ótimo lugar para tal. Vejamos: O deserto, a “solidão acompanhada” em si é boa ou ruim? Sinceramente, hoje eu não sinto apto para responder a essa questão. Mas uma coisa que aprendi nesses poucos 18 anos de vida. Às vezes um momento de deserto é bom, mas ele se tornar eterno ficaria um fardo em demasia. Fomos criados para nos relacionar.

Experiência de deserto? Sim.
Deserto eterno? Não.

  O problema é pensar que relacionar-se apenas virtualmente basta. O contato, a franca conversa sobre alegrias ou angústias, olho no olho nos faz melhor. Um abraço, um beijo... Deus se manifesta nesses gestos sinceros.
  Afinal, a chuva e o frio que estão no título desta nossa reflexão, o que tem a ver? Tudo! Pois quando chove ou faz frio onde procuramos nos refugiar? Em locais aquecidos. E aonde vamos nos refugiar quando nossa Alma se encontra numa noite chuvosa e fria? Nas festas, bebidas e drogas? Não!! Mas sim no caloroso Coração Misericordioso de Cristo, Lá depositamos nossas misérias e nos aquecemos.
  Possamos, pois, viver os momentos de deserto e cada vez mais nos amar fraternalmente e saber se refugiar no lugar certo.


Escrito por Fábio Luiz no dia 01 de Novembro de 2011, ás 21h44min, na cidade do Rio de Janeiro. Dia de Todos os Santos.


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